O RELATO DE VIDA DO JORNALISTA RICARDO SANTANA HOJE NO 29º BATE PAPO LADO B
Chego com o Bate Papo LADO B – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES desta semana ao 29º entrevistado e assim, tento ir apresentando, semana após semana um painel dos mais interessantes e instigantes destes possuidores de um lado, o da luta, resistência e pouco difundidos pelos meios usuais disponíveis. E por que não falar exatamente dessas pessoas? Eis a razão deste Lado B. Com estes perfis, um bocadinho desses todos a labutar de forma salutar, muitas vezes sem muito reconhecimento popular, até por muitos não saberem como se dá a labuta diárias destes. Não me interessa ficar tecendo loas para os poderosos de plantão, os muitos puxa-sacos, os que se acomodam e deixam a vida passar, sem dela fazer um instrumento de luta e transformação. Quero estar ao lado exatamente dos que se opõe ao marasmo, a monotonia de uma vida acomodada, o tal do viver como gado, aceitando tudo de cabeça baixa. Todos os que aqui já estiveram ousam, batem muita cabeça e seguem suas vidas, com um triunvirato que escrevo em muitos dos meus textos, Insistem, Persistem e Resistem. O importante não é eu ter concordância total com quem aqui está, pois a “unanimidade é burra”, como já disse Nélson Rodrigues, mas na diversidade extrair o néctar, o algo mais para juntar coisas, procedimentos e seguir tocando o barco em frente. Eu busco aqui ouvir experiências salutares de vida e a do entrevistado desta semana muito me empolga.
RICARDO SANTANA é um jornalista na acepção da palavra, um esgrimista valoroso, destes onde a gente pode até discordar, mas ler o que escrevo, do começo ao fim é salutar, pois sempre algo de muito proveitoso. Aos 54 anos, ele já tem uma bela quilometragem de vida, relatos onde pode contar algo do que seja confronto. Trabalhou por alguns anos dentro da, denominada por ele mesmo como Imprensa/Mídia Hegemônica, que também denomino de Massiva e nela vivenciou o lado da imprensa contida, amordaçada e sabendo dos seus limites, ou seja, o que pode e o que não pode ser escrito, pois estando sob o jugo de um patrão, o limite é imposto por este e quem ousa ultrapassar, consequentemente está no olho da rua. Ricardo esteve lá e hoje está do lado de cá, numa situação oposta. Sua militância, nunca oculta, hoje se faz presente na atuação solidária como Diretor do Sindicato dos Jornalistas, no escritório da regional Bauru e pelo jornalismo independente, “livre, leve e solto”, sem amarras que produz pelas redes sociais, sempre com sua chancela.
Contar a história deste Ricardo é também ressaltar das
agruras por que passou. E não foram poucas. Tempos atrás seu rim deu um
periquipaque e ele, de uma hora para outra teve sua vida revirada. Sua rotina
mudou e ele também teve que mudar, pois do contrário, não mais estaria aqui.
Ele percorreu muitos dos serviços públicos, ora ignorados, menosprezados, mas vitais,
importância mais que sabida. Ele nos contará algo disso e daí, seu relato sobre
a Saúde Pública é dos mais significativos. Ele falando somente sobre este tema
já daria mais que uma imensa e grandiosa entrevista, mas Ricardo não se contém,
fala disso e muito mais, pois é do time dos que não possuem papas na língua.
Ontem mesmo, sexta, 22/01/2021, Bauru esteve envolvida em mais um imbróglio
político, quando a novíssima prefeita, Suéllen Rosim assume aos 22 dias de
mandato, qual o lado onde atuará, na defesa do que e ao lado de quem. Ricardo,
primeiro como jornalista, depois como cidadão e depois também como militante
social, saiu às ruas, enfrentou os tais dragões do vírus que a todos acossam,
não se acovardou e conta, na qualidade de “testemunha ocular da História” a sua
versão dos fatos.
Saberemos muito dessa história no Bate Papo, mas o algo mais além disto é também muito interessante, pois a intenção é também saber como alguém como Ricardo foi sendo moldado, formatado e chega aos dias de hoje. Ele tem uma história de vida que precisa ser contada e pretendo esmiuçá-la junto dele, até para que sirva também de exemplo para tantos jovens ainda sonhando em ingressar na profissão do Jornalismo. De uma coisa tenho certeza, uma hora será pouco, mas deste tempo a certeza, saberemos muito bem aproveitá-la, relatando o lado humano, o da luta, dos envolvimentos e batalhas diárias, além do que vai pela cabeça de alguém mais do que envolvido com as labutas de devolução deste país num caminho muito mais palatável do que onde nos encontramos. Conto com a presença de todos (as). Abaixo eis algo já escrito e publicado por mim no blog Mafuá do HPA sobre tão envolvente jornalista:
- Escrevi em 14/12/2016: “O Ato contra o Racismo começa a
sair e abro a faixa “Diga não ao Golpe”. Sou abordado por duas senhoras, uma
fico sabendo a nova presidenta do citado conselho, junto de conselheira. Ambas
são taxativas: “Não sairão com a faixa no meio do grupo”. Tento argumentar e
digo a elas serem os negros os que mais sofrem com o golpe. Sem acordo. Falo
com várias pessoas e ouço que deveria ter “negociado antecipadamente”. Não
aceito isso, pois até para protestar tenho que negociar. Saímos, eu e Ricardo
Santana, do Sindicato dos Jornalistas, cada um segurando numa ponta, fechando a
marcha, numa posição até de melhor destaque. Enfim, luta contra o racismo tem
tudo a ver em luta contra o golpe e golpistas. O novo momento do Conselho, não
reflete a linha de pensamento da maioria dos seus membros, mas sim da
presidência, da linha evangélica conservadora”.
- Escrevi em 19/12/2018: “VISITA PARA RICARDINHO NO HOSPITAL DE BASE – 50 DIAS EM RECLUSÃO HOSPITALAR - Adentro noite de ontem indo rever o amigo hospitalizado e isso já completando 50 dias de agonia. Ricardo Santana, jornalista de uma lida aguerrida está internado no Hospital de Base, num dos seus quartos coletivos e para tratamento de algo surgido assim do nada em sua vida e desde então, o mantendo detido (ou seria retido?) para fazer, por três vezes durante a semana, quatro horas cada sessão, a hemodiálise, após detectar que os males que padecia eram provenientes de ambos os rins, imprestáveis após 52 anos de vida. Sua história foi contada pela TV Record e saiu publicada no Jornal da Cidade (eis o link, foto e belo relato da jornalista Cynthia Milanez):
https://www.jcnet.com.br/…/pacientes-ocupam-leitos-e-ficam-…). O mais interessante de tudo é que, ao adentrar o seu quarto hospitalar, com todo o tempo ali mantido, nenhuma bagunça em cima das mesas, tudo organizado e algo a relatar, ele fez questão de não levar para o local TV e nem seu laptop. “Se o fizesse estaria me acomodando e me conformando com a situação onde me encontro. Denuncio a cada dia a situação, ocupando uma vaga que poderia ser de outro paciente, mas se sair daqui perco a minha e não me fazem mais a hemodiálise. Esdruxula situação, pois o que peço e para tanto entrei na Justiça é voltar pra minha casa e vir ao hospital nas três vezes por semana, horário do procedimento e voltar para minha casa após seu encerramento. Isso de não ter vaga é invenção e procedimento desse sistema implantado nos hospitais bauruenses (e paulistas) pelo modelo tucano de tratar os hospitais, o da FAMESP. Por aqui tudo funciona, nada falha, ótimo isso, mas por detrás algo mais e pouco enxergado, um esquemão hospitalar cruel e arrecadador. Ganham muito com isso”. Sabem como Ricardinho, como o chamo, passa seu tempo sem TV e lap top? Lê, livros rigidamente escolhidos (agora um sobre Comunicação Midiática) e ouve histórias. As que reuniu nesse período, segundo ele, daria para montar um belo livro de crônicas hospitalares. Em cada conversa, em cada troca de parceiro, um ao lado de outro, ou das trombadas pelo corredor, puxa assunto, ouve relatos, desabafos e as reúne, ainda mentalmente, porém podem servir de pano de fundo para não só descrever o que passa atualmente ali naquelas frias paredes, mas a da vida que pulsa em cada paciente, acompanhante ou mesmo servidor. É essa a forma encontrada para driblar a ociosidade. Passa também boa parte do tempo plugado ao mundo externo com seu pequeno celular, fazendo uso de sua internet, pois o hospital não possui wifi. Nesse período virou também um expert no seu problema e no tipo de atendimento prestado pelo Hospital de Base de Bauru a outros na mesma situação. Impossível ser diferente, pois jornalista aguçado e inquieto, sua percepção se mostra mais latente, pulsante. Observador das entranhas hospitalares, Ricardinho crê piamente na saída do hospital nos próximos dias, antes do Natal e para tanto, olhando para o cenário presenciado por mim quando da visita, acho bom mesmo que isso possa ocorrer, pois se o pessoal do FAMESP resolver mantê-lo mais tempo nessa situação, o máximo que pode ocorrer e isso não vai ser bom para o pessoal mantenedor da estrutura local é ele passar a relatar em detalhes o que se passa nos procedimentos do atendimento da saúde na cidade. Ou resolvem e o devolvem à vida como dantes ou terão diante de si um perspicaz escrevinhador relatando tudo à sua volta, tim-tim por tim-tim. Fosse eu o pessoal da FAMESP e conhecendo a língua destravada do jornalista ali mantido, resolveria tudo o mais rápido possível, para o bem da manutenção do serviço como eles o fazem no dia de hoje. Ricardinho é um bravo guerreiro”.- Em 05/07/2019 transcrevo o que ele havia escrito: “12 é TUGA - "Bauru, saneada, em um segundo mandato consecutivo de Tuga Angerami seria outra coisa? Não vamos saber porque não se teve coragem entre as forças políticas de Bauru para pedir a Tuga que ficasse no Palácio das Cerejeiras por mais 4 anos. Foi de 1994 a 1999, no pior momento político para a cidade de Bauru que Tuga retornou para reanimar o conceito de administração pública. Vamos lembrar desta passagem de Tuga: pegou a Prefeitura ... Que prefeitura? Recriou a Prefeitura de Bauru. Melhorou a auto-estima de Bauru. Não foi Tuga quem criou a privataria tucana. Não foi Tuga quem instalou a República da Barra nas Cerejeiras. Não foi Tuga quem extorquiu prestadores de serviço; pecuaristas; proprietários de áreas. Foi Tuga quem jogou seu manancial político para reinventar alguma administração pública possível. Ah! Ainda deixou algum cascalho nos cofres! Eu como jornalista no JC, em plantões ficava puto quando João Jabbour chegava no sábado à tarde e falava, todo cheio de dedos: "Olha! Oooo... O deputado chegou. Eu já atendi. Vai lá e pega uma palavrinha dele... É só uma matérinha, tá..." Como se fosse possível matérinha na edição especial de domingo! De onde vinha tamanha indisposição... Do fato de eu ser de esquerda e Tuga estar no PSDB? Não! Tuga sempre esteve acima destas futricas partidárias. Esquerda-direita-centro-centrão. Eu não era setorista de política e, portanto, só virava repórter de política por algumas horas em plantões. Durante uma semana inteira de articulações, negociações e votações em Brasília eu não me achava suficientemente preparado para enfrentar Tuga Angerami. Repórter de política tem por obrigação conhecer todas as versões dos bastidores políticos. Política é fundamentalmente bastidores. Como iria pegar o Tuga ... Naquele tempo, anos 90 do século passado não tinha internet. Ainda estávamos no e-mail. Portanto, só os setoristas é que manjavam do riscado. E na cobertura política o tal riscado faz toda a diferença. E lá vinha o Tuga falar o que queria a um repórter despreparado. E querendo se livrar logo do deputado porque o plantão estava pesado: polícia; revisão de BOs (era um saco este papo de boletim de ocorrências). E ainda tinha que fazer a ronda. Ronda era ligar para tudo quanto é plantão para saber se tinha algum acidente; apreensão; morte; feridos. O fechamento da edição de domingo te apertando e ainda tinha a matéria com o deputado. Vinha o Jabbour e perguntava: "Rendeu a matéria com o Tuga... Qual é o gancho." Sim! Tinha que extrair novidades para satisfazer a sanha do leitor dominical João Jabbour, que sempre tratou a cobertura política como um prato especial, ainda mais na edição de domingo. Nada de requentar o dia a dia. Tuga obrigado por visitar a redação aos sábados. Se Bauru existe em termos de administração municipal é devido à coragem de Tuga Angerami. O resto é ressentimento; fofoca de gente de mal com a vida. Que não sabe nada de administrar interesses públicos contra a pressão privada querendo dominar o Estado. Essa gente desprovida pode até ter lido os clássicos. Porém nada sabe da arte da política. Pensa saber, porém, em sua presunção, nada sabe. Como teria sido Bauru com a reeleição de Tuga! Certamente não teríamos este crime de precatórios da Floresta Urbana!".
- Em 04/01/2021 escrevi: “MAIS UM JORNALISTA TENTANDO ALÇAR VÔO PRÓPRIO - Ricardo Santana já trabalhou em variadas publicações na imprensa, além de ser o Diretor do Sindicato dos Jornalistas - Regional Bauru e agora se lança numa iniciativa própria, sem patrocínio, opinando e fazendo o que sabe, escrever. Este seu primeiro post na nova empreitada: PECADORES SE ARREPENDAM - O maior pecado em política é a prática do nepotismo. Os primeiros efetivos atos do governo da prefeita Suéllen Rosim despertaram a turma. DIABO MORA NOS DETALHES - Eis que todas e todos esperavam a primeira edição do Diário Oficial do Município, datada de 01/01/21, da nova década. Olhares ávidos pelas diabruras da política bauruense dentro do Palácio das Cerejeiras. DOIS VALLE - Nas nomeações no DOM, de sexta-feira passada, se constata a de Daniel Valle em cargo comissionado. Daniel é filho de Luiz Carlos Valle, presidente da Emdurb, nomeado por Suéllen. Conforme a publicação, Daniel terá a função de coordenar serviços municipais do Poupatempo de Bauru. CRIME - Já se fala em crime. Já se fala em ilegalidade no ato da administração no primeiro dia de governo. Já se fala da necessidade da apuração do ato de nomeação de Daniel Valle. VALLE OU NÃO VALLE TUDO - Importa menos se o governo sob comando de Suéllen Rosim (Patriota) rasgou a lei municipal que proíbe nepotismo. A questão mais grave é: se ela pode, será que ela deve nomear? Não se caracteriza o ato como imoralidade? SER E PARECER QUE É - Em política vale a máxima de que mais do que ser, é preciso parecer que é. A cultura brasileira de se garantir privilégios não é mais vista com bons olhares. Ainda que a realidade ainda seja quem pode mais, chora menos”.
EIS O LINK DA ENTREVISTA, QUE EXTRAPOLOU NO TEMPO, POIS O
ASSUNTO ROLOU MACIO, SUAVE E ASSIM FALAMOS DE TUDO E MAIS UM POUCO: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/4204722529557724
COMENTÁRIO FINAL DO HPA: Foi um prazer muito grande recolher este depoimento do jornalista Ricardo Santana. Ele trabalhou por mais de 20 anos dentro do Jornal da Cidade e nos revela fatos pouco comentados dessa história. Só pela citação de como o jornal ainda trata o ex-deputado Pedro Tobias, quando não se pode escrever nada contra sua pessoa, isso por si só valeria e muito, mas teve mais. Ricardo batalhou desde cedo, conta de sua formação paulistana, a chegada em Bauru, o Jornalismo na Unesp, como encara a profissão, a militância, os envolvimentos de uma vida toda e hoje, depois de tanta quilometragem na profissão, escreve uma coluna diária nas redes sociais, a “De Carona nas coisas que só Bauru tem”, neste algo a mais tão necessário, diante de uma mídia hegemônica não contando a verdade dos fatos. Muito importante também seu depoimento sobre o seu período de convalescença, a doença renal, o transplante e hoje, renovado. Falar sobre Jornalismo e sobre a atual política local é algo instigante e mais do que provocante. E a conversa foi mais que reveladora.
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