quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

PERGUNTAR NÃO OFENDE (168)


TANTAS COISAS, BAURU, LENÇOIS PAULISTA E ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

1.) DESPEDIDA DE ALGUNS SÍMBOLOS DESTA ALDEIA BAURUENSE
Recebo via watts do amigo, ex-secretário de Cultura, administração Tuga, JOSÉ VINAGRE, uma foto de demolição ocorrendo em edificações da avenida Rodrigues Alves, quadra entre a Gustavo e a Rio Branco. O texto era curto e grosso: "Alfaiataria e Frutal sendo demolidos...". Respondi assim: "Nossas referências indo embora".

O Frutal Lima fechou tempos atrás, logo a seguir seu proprietário por décadas, Sérgio Lima veio a falecer. Escrevi muito dele no Mafuá do HPA. Eis o link: https://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=frutal+Lima. A Alfaiataria Tesouro de Ouro, do espanhol Maciel Ortiz, também fechada há anos, quando se aposentou é outro símbolo da avenida, assim como o Carimbos Pavan, também fechado e cuja proprietária, dona Diva faleceu, mas seu marido resiste como aroeira. Seu Maciel já se foi também, a maioria fazendo parte de nossas boas lembranças das andanças por aqueles lugares, hoje todos transformados ou em via de. Eis o link de algo sobre seu Maciel: https://mafuadohpa.blogspot.com/search....

Nada contra as mudanças, com novas edificações surgindo, enfim, pelo sim pelo não, tudo isso faz parte da continuidade da vida de uma cidade. Inexorável em alguns dos casos. O velho centro bauruense está em plena transformação, com muitas outras edificações sendo colocadas abaixo e no seu lugar, algo novo, dentro da concepção arquitetônica predominante, dita moderna. São opções. Em alguns lugares existe a opção da manutenção das fachadas, aqui pouco disso se vê - ou nada.

O fato é que o Frutal Lima e a Alfaiataria Tesouro de Ouro, o Carimbos Pavan e tantos outros já fazem parte de nosso passado, lembrado na memória de quem vivenciou algo ao lado deles. Vivemos tempos onde os lanches tradicionais estão sendo deixados de lado, hoje reino da predominância de algo ao estilo gourmet, de gosto duvidoso. Tenho acompanhado algumas dessas transformações e atestado como, o delicioso lanche feito anteriormente, sendo substituído pelo regabofe de hoje, menos caliente. Quando o "Jr" assume a chefia do negócio, antes ocupada pelo velho "sem noção", criador da coisa, este cheio de modernidades, algumas vezes tudo dá certo, noutras, creio que a maioria, se perdem e acabam fechando ou se diluindo no meio da multidão. Sendo mais um e daí, perdeu-se o encanto.

Poderia escrever também laudas sobre o seu Maciel e sua alfaiataria, assim como outras, mas me restrinjo simples e diretas perguntas: Quantas resistem hoje? Quantas sobraram? Quem são seus clientes hoje? Como sobrevivem diante de tanta coisa pasteurizada, pronta para ser consumida, embalada e com o consumidor a ela se inserindo, não contrário? Alfaiatarias nos remetem a um tempo onde se fazia roupa sob medida e existiam portas, muitas delas abertas e oferecendo seus serviços. Tive o prazer de conhecer algumas delas. Enfim, aquilo que vi com meus olhos não me sai da memória, essa já um tanto cansada, chips avariados, mas ainda resistindo e propondo sempre o novo, mas com os pés também fincados no passado. Enfim, tudo tem que ter bom relacionamento e quando isso não é possível, imensa tristeza. Repito que, um povo que não sabe respeitar e valorizar seu passado, é um povo sem memória, perdido no tempo e no espaço.

Fico triste, mas entendo o que ali acontece. Toquemos o barco, assimilo mais esse golpe com a devida sapiência. Dou valor imenso para os resistentes. Eles existem e se puder, irei lembrando-os por aqui, até como forma de valorização e incentivo para que não desistam. A minha tristeza é tamanha e não se resume somente nessas demolições. São tantas coisas e iria encher muito a paciência de quem me lê se fosse começa a falar disso agora...

OBS.: A primeira foto aqui publicada foi a enviada pelo Vinagre e outra é minha, pois ontem, final da tarde, fui lá e todo envelopado, máscara e afins, tirei fotos do local. 

2.) A INTERMINÁVEL FILA NO MEIO DA PANDEMIA
Cenário hoje pela manhã da confluência das ruas Primeiro de Agosto com Treze de maio, centro nervoso da cidade de Bauru, em seus dias de pagamento principalmente de aposentados, quando as filas dos bancos Mercantil do Brasil e Santander se estendem por mais de cem metros, todos aglomerados e esperando o momento de poder colocar as mãos em seus proventos. Uma cena triste e se repetindo todo mês, dentre o 5º até próximo do 10º dia, numa clara demonstração de que a necessidade suplanta muitas vezes a precaução, daí corre-se todos os riscos, como visto ontem, hoje e amanhã.

3.) O CIRCO CHEGANDO NA BEIRA DO RIO E NA ÉPOCA DAS CHUVAS MAIS FORTES
Tudo ao contrário. Nada contra a livre e necessária circulação dos circos e de tudo o mais, enfim, todos precisamos sobreviver. O problema é que, como já se anuncia, a pandemia cresce, se instala novamente em alta sempre crescente e mais dia menos dia, talvez quando nossas autoridades perceberem o inevitável, tudo volte a se fechar. E daí, o que será deles? Pois exatamente nesse momento o circo Mundo Mágico sai de Marília, onde por lá permaneceu por trinta dias e vem para Bauru. E vem se instalar na beirada do rio, após pesquisar outros tantos, num dos lugares mais prováveis de alagamento nesse período de águas caindo dos céus, bem defronte o Mafuá, ao lado da avenida Nuno de Assis, junto da rua Inconfidência, barrancas do rio ainda bostento Bauru. Dois anos atrás a marca das águas nesse período continua exposta na parede lateral daqui, atingindo mais de metro e meio de altura. Ninguém os avisou do perigo? O pessoal da Prefeitura não os alertaram dos riscos? Torço por eles, aliás, agora são meus temporários vizinhos e estarei ao lado deles por algum tempo, todos juntos em prol de segurar no braço a força das águas provenientes das chuvas de janeiro de fevereiro. Com a pandemia não sei o que conseguiremos? Combinamos por aqui e estaremos desde já de dedos cruzados, tanto para que a pandemia dê um breque, como para que as águas não caiam como de anos anteriores. Na torcida. 
 
4.) O TRATORAÇO EM LENÇÓIS PTA É A CARA DO BOLSONARISMO VIGENTE
O tal do tratoraço estava marcado desde o ano passado e hoje ocorreu em alguns lugares do país, sendo o mais representativo na nossa região o de Lençóis Paulista. O segmento ruralista é conservador, defende somente seus interesses e não estão nem aí para o restante, ou seja, lutam pela sua causa e nada mais. Desta forma, defendem com unhas e dentes tudo o que venha de Bolsonaro e os seus, sem contestação. Referendam a destruição do país, são os tais ditos como alavancadores do "progresso" (sic), que não passa de retrocessos, centralização de tudo nas mãos deles, poucos e sem consciência de coletividade. O Brasil não avança um milímetro com gente como essa. Combater o avanço dessa bestialidade, onde o que menos importa é a agricultura de fato, mas o negócio individual de cada um deles. Pérfidos e perversos. Todo repúdio a todos estes, sem tirar nem por.

5.) "NÓS PARECEMOS UMA REPÚBLICA DE BANANAS", 
disse o senador norte-americano após conseguir escapar do isolamento, depois de ter fugido e se escondido, tudo provocado pela invasão dos trumpistas ao Capitólio. Enfim, o que provocaram à exaustão no mundo inteiro, ontem quase acabou acontecendo com eles mesmos. A História se repete como tragédia. Os EUA provando do seu veneno e da forma mais bizarra. A quinta amanhece, sem que Bolsonaro critique o ocorrido, enfim, ele assim se inspira para ter a mesma prática, quando o defenestrarem do poder, preso pelo conjunto da obra ou pelo voto.

6.) ENFIM, ALGUÉM SE PREOCUPANDO COM O QUE ACONTECE NOS EUA...
VENEZUELA EXPRESSA PREOCUPAÇÃO COM ATOS FORA DO COMUM, COLOCANDO EM RISCO A DEMOCRACIA E OCORRIDOS ONTEM NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Um comentário:

Anônimo disse...

Numa postagem do Henrique Perazzi de Aquino a foto, que reproduzo, e um belo comentário sobre a destruição do que chamo de 'lugares da memória'.
No caso, em particular, o Frutal Lima. Enquanto esteve aberto, foi parte de minha vida bauruense. E começou quando ainda funcionava mais ou menos na mesma altura da av. Rodrigues Alves, mas no lado oposto.
O pedido era padrão: 'um x-salada e uma vitamina com leite, pouco açúcar', reduzido, depois de algum tempo para 'o de sempre' dito por mim ou pelo Sérgio, um de seus proprietários.
Memória: em 1979, cheguei do congresso de reconstrução da UNE com fome, muita fome. O pouco dinheiro havia sido gasto na viagem de retorno. Era final de semana, ninguém na república. Nem comida. Fui até lá, expliquei a situação para o Sérgio, que me forneceu o pedido padrão 'fiado' e, na minha saída, me entrega um pequeno saco de papel: no interior, um outro lanche. Era para 'depois' me explicou. E era grátis.
As visitas tornaram-se mais espaçadas com meu casamento com Bia, que havia sido minha companheira frequente no espaço, mas nunca deixaram de ser feitas. Voltaram a ser mais regulares quando de minha separação: passei a morar a algumas quadras dali e era o local onde matava a fome noturna e ruminava saudades e dores.
Tornaram-se novamente menos frequentes quando, com minha nova companheira, mudei-me para a Bela Vista. Não me lembro de ter ido com Rose, mas levei minha filha e, pouco antes de seu fechamento, num domingo a noite, levei meu filho.
Sérgio faleceu algum tempo depois do encerramento das atividades do Frutal. Escrevi algo sobre.
Agora se vai o prédio. Sobra a memória. Ou melhor, 'a memória da memória' que tende a eliminar as coisas ruins e ampliar as coisas boas. E só assim conseguimos suportar o peso do passado.
Almir Ribeiro