sábado, 30 de janeiro de 2021
REGISTROS DO LADO B (30) e AMIGOS DO PEITO (181)
NO 30º LADO B DESTE MAFUENTO HPA, HISTÓRIAS DO CARNAVAL BAURUENSE E DA RESISTÊNCIA DE QUEM FAZ SAMBA VOLTADO PARA AS QUESTÕES SOCIAIS, MAURINHO DOS SANTOSServiço: será hoje, sábado, 30/01/2021, 19h pelo facebook deste mafuento HPA. Havia marcado para 18h, mas hoje tem final da Libertadores, direto do Maracanã, 17h, Santos x Palmeiras, daí achamos por bem, fazer o bate papo após o jogo, então tudo fica pras 19h. Ok?!?!
É um luxo eu estar por aqui, continuar por aqui e neste momento poder realizar meu 30º bate papo semana, onde conto as histórias do Lado B destas plagas, também denominadas por mim de “A Importância dos Desimportantes”. Completo com essa um número redondo e me sinto orgulhoso pelo resultado, pelo que já foi parido e por tudo o que ainda está fervilhando em minha cabeça, pronto para ser despejado, expelido e apresentado por essa via. Contar histórias do povo é algo que adoro fazer, preenchendo uma lacuna ainda necessitando de muitos outros com a mesma disposição, pois a verdadeira história, a que nos interessa mesmo, a dos que suaram e suam suas camisas numa infernal labuta diária, essa nos foi escamoteada. Essa rara oportunidade de ir revendo, um por um, algo dessa história me dá também forças para conseguir continuar enfrentando o que é a agrura de permanecer por mais de um ano em estado de cuidados para não se contagiar pelo Coronavírus. Daqui de onde me encontro, reservado e apartado, dou o meu quinhão e busco nestas entrevistas dizer em alto e bom som, que em primeiro lugar, continuo bem vivo e depois dar voz apara tantos que pouco conseguem. E a cada semana uma abordagem nova, um personagem novo e uma história a se juntar a todas as demais, de muita luta e resistência.
Na desta semana, conto não só a história do sambista MAURO DOS SANTOS, também chamado carinhosamente por muitos como MAURINHO DOS SANTOS, alguém com o samba na veia e na verve afiada com que desfia letras fantásticas. Esse hoje aqui retratado fez história em Carnavais passados, tendo escrito seu nome definitivamente no panteão dos grandes letristas bauruenses. Sua pegada é a do social, pois é, como mesmo faz questão de dizer, “fruto de uma época de luta, resistência, quando o movimento estudantil era vibrante, o enfrentamento com a ditadura se fazia a todo instante”, ou seja, ele foi forjado aí e isso ficou encruado nele, reverberando em tudo o que faz. Ele vai nos contar a sua história, como tudo teve início, quem o incentivou, como foi sendo moldado para adentrar não só o mundo do samba, mas o da resistência nesta cidade dita e vista como “sem limites”. Mauro tem a história das ruas ainda guardada dentro de sua cabeça e o que faço neste momento é ir lá, o estimulando a abrir esse baú de memórias e contar um bocadinho pra que todos nós tomemos conhecimento. Isso é mais que lindo. Maurinho não quer falar só dele, já deixou isso claro, quer também lembrar dos outros sambistas, os que tiveram seus nomes imortalizados por gente que valoriza estes todos que lutam e o fazem debaixo de muito “sangue, suor e lágrimas”.
Só por isso, o relato do Maurinho é mais que grandioso, mas tem mais, muito mais. Ele perpassa o Carnaval, conta também sua origem, algo mais das quebradas de cantos pouco retratados no papel. Esse é o encanto de gente como ele, pois são possuidores de reservas inestimáveis de história viva, pulsante e prontas para ser expelidas. Hoje ele faz isso e em uma hora de conversa, com seu jeito malemolente, criativo, simpático, irreverente e mordaz, desfia algo sobre as entranhas desta insólita Bauru. Eu só estou do lado de lá colhendo isso tudo, um privilegiado, suando muito a camisa para ver se consigo me conter e saber conduzir uma conversa mais que reveladora. O cara sabe tudo do samba destas plagas, rala muito o dia inteiro, isso há décadas, para sobreviver, não se entrega e não abandona suas origens. Possui uma rica história e neste momento, quando a pandemia nos impede de colocar o bloco na rua, na maior festa popular deste país, o Carnaval, faço a minha parte e relembro por aqui, junto dele, quem vivenciou isso tudo, lembranças mais que inenarráveis e as deixo fluir, algo mais que necessário para nos dar força em continuar esgrimando, lutando e ultrapassando os limites, passando por cima de tantas pedras pelo caminho.
Abaixo um bocadinho do que já escrevi dele e está registrado no meu blog pessoal, o Mafuá do HPA, onde reúno escritos desta cidade, desde 2007, um por dia e neste período, algo já deixei registrado dele, o grande Maurinho dos Santos:
- Em 13.02.2015 publiquei: “MAURINHO E OS INESQUECÍVEIS SAMBAS SAÍDOS DE SUA CACHOLA - Quem tem história para contar, conta que é uma beleza. Gosto muito da própria pessoa, tendo talento não ficar usando de falsa modéstia e desdizendo de suas próprias qualidades. Esse aqui diz e mostra o que tem que ser dito, prova por A + B toda sua trajetória. Nesses casos e momentos, o melhor mesmo é parar e ficar ouvindo atentamente a voz da sapiência ir relatando tudo o que já fez, por onde já passou e as láureas conquistadas. Esse aqui tem muita história para contar. MAURINHO SANTOS, 58 anos é talvez o maior compositor dentre toda uma gana de gente que já criou samba para as mais variadas escolas de samba de Bauru. Sua produção é contínua e dentre todas as escolas hoje existentes só para uma ainda não compôs nada, a Coroa Imperial. Para as demais, seu nome já está inscrito no panteão dos seus compositores. Um alegre personagem de todos os carnavais, pois não ficou de fora em nenhum nas últimas décadas. Vendedor publicitário numa pequena empresa de sua propriedade, morando hoje no Bauru XVI, o Núcleo Edson Francisco da Silva, casado, 3 filhos e 12 netos, um sujeito de bem com a vida e fazendo sambas só para o Carnaval, sua especialidade. Começou no Flor da Vila Dutra (“dos tempos do Passa Largo tocando corneta”, diz) e não mais parou. Foi também cronner de orquestra por muito tempo, sendo só com o Badê 17 anos de estrada. Camisa 10, Mocidade, Cartola (“o hino deles é de minha autoria”) e tantos outros. Vai relembrando de cabeça os sambas da Império da Vila, da Nova Esperança: “84 foi Quilombo dos Palmares, 86 foi Iluda ilusão de ser iludido, quando fomos campeões, 87 com o Belas Mentiras, 88 com A Estória que a História não contou e 89, com o 171, mais atual que nunca”. Prefere escrever sozinho, sem parceiros e assim tocou a vida. Esse ano fez o samba da Azulão e cheio de pompa e sem falsa modéstia diz a plenos pulmões: “Esse Sem Medo de Ser Feliz é o melhor refrão do Brasil na atualidade”. Insiste na audácia, em não temer se intitular bom nesse negócio de samba enredo. Pudera, Maurinho é o compositor mais premiado na história dos carnavais bauruenses. Assista clicando a seguir o Maurinho cantando seus sambas e o "melhor refrão do ano": https://www.facebook.com/video.php?v=1007039519326057&pnref=story”.
- Em 26.12.2017 publiquei: “OLHA SÓ QUEM VAI FAZER A MARCHINHA 2018 DOS TOMATEIROS - Mauro Santos, ou Maurinho ou mesmo Maurão é figura mais que conhecida do mundo do samba em Bauru, tendo já escrito letras sempre lembradas de sambas enredos para várias escolas da cidade. Sua verve criativa vai além da descrição do tema, sabendo muito bem dosar a picardia necessária para dar aquele toque a mais, tão necessário e fazer chegar a todos uma crítica social relevante e contundente. No ano que Silvio Selva pede licença do bloco, a letra da marchinha foi entregue para esse nato sambista da periferia bauruense e como sempre fez, algo de grande valor estará sendo divulgado nos próximos dias. Morou muito tempo na vila Dutra e hoje está lá no Jaraguá, com seu jeito malemolente e cheio de charme. Já temos o ilustrador da camiseta, o GREIFO, hoje foi decidido o tema da marchinha e junto dele estamos divulgando o nome do sambista que irá compor a letra e a música da marchinha, MAURO SANTOS. Para quem não conhece o Mauro, eis aqui algo gravado hoje, quando lhe apresentávamos sugestões dos temas para serem incluídos no que fluirá de sua fértil imaginação. Roque Ferreira, que com ele já esteve em antigos carnavais faz uma breve apresentação e pede para ele reviver algo produzido por ele em 1992, o samba criado para a Império da Vila Nova esperança, o "171". Vejam ele cantando à capela e constatem se não acertamos na mosca. De algo o bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco BAURU SEM TOMATE É MIXTO tem a mais absoluta certeza, o bichop vai pegar no Calçadão da Batista em 2018. Cliquem para ver o vídeo: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1944889522207714/”.
- Em 03.09.2019 publiquei: É HOJE NO MUSEU FERROVIÁRIO - O LIVRO DO MAURINHO VAI GANHAR O MUNDO - "Lançamento do livro " Bis, muito além de um refrão", do meu grande amigo Mauro Vieira dos Santos, às 20 horas no Museu Ferroviário.
Mauro, e muito conhecido na cidade como compositor de belíssimos sambas de enredo, agora temos a oportunidade conhecer o escritor”, escreve Roque Ferreira. Escrevo algo além do que o amigo Roque escrevinhou em seu facebook. Maurinho Santos é um monte de coisas ao mesmo tempo. Sambista de renome na cidade, tendo participado de infindáveis carnavais, sempre na qualidade de letrista, mente criadora utilizada para sambas enredo campeões e na boca do povo. Um sarará de vida difícil, desses que se viram como pode para continuar pela aí, fazendo e acontecendo, sem se vergar, nem dizer amém. Um sujeito com a bandeira da independência e liberdade desfraldada logo na fachada, doa a quem doer. se vira nos trinta desde sempre, vendendo o que estiver disponível para fazer frente suas necessidades e com isso ir tocando o barco, remando contra a maré, sempre de cabeça erguida. Aprendi a gostar muito desse cidadão suburbano desde quando o vi pela primeira vez, numa apresentação anos atrás lá no bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto. Chegou por lá com uma roupa branca de enfermagem e nela escrito à caneta nas costas algo sobre sua resistência e como encara esse mundo. Até então Silvio Selva fazia as letras das marchinhas, mas quando declinou de fazê-lo, Maurinho assumiu o posto e seguirá em frente ad aternum, até cansar. Tem empatia garantida com todos, algo dessa fidelidade canina pouco usual nos tempos atuais. o danado agora surge com esse livro e nele diz estar contido algo que sua memória de elefante foi juntando num reservado e agora despejado de uma só vez numa obra que, diz vai dar o que falar. Ele deve cutucar a onça com a cara curta e por isso só, merece a atenção. Eu não só vou estar no lançamento do livro, como já comprei alguns exemplares e os distribuirei para amigos sem condição de fazê-lo, pois pelo visto, quem gosta de samba, carnaval, rua, subúrbio, vicinais, história contada pelos tais derrotados deste mundo, os que padecem dos males praticados pelos dos andares de cima, terá nos escritos dele um prato mais que cheio para degustação e deleite. Maurinho mora no coração do Tomate, no meu e estaremos com ele hoje, amanhã e sempre, pro que der e vier, pois a gente bem sabe, unidos venceremos e isolados, não somos nada, fácil de sermos eliminados. A gente joga coletivamente e é por isso que estamos todos aqui. Maurinho merece isso e muito mais”.
- Em 05.02.2020 publiquei: “ALGO DO BLOCO DO TOMATE - QUEM TEM MAURINHO COMO LETRISTA DE SAMBA, TEM SEMPRE UM ÓTIMO CARNAVAL GARANTIDO: O bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco BAURU SEM TOMATE É MIXTO tem sorte na vida. Muitos dele se aproximam assim por osmose, por sentirem no ar que suas vidas estão irremediavelmente entrelaçadas com esse modo irreverente, criativo de cutucar o algoz, aquele que, se diz santo, mas na verdade joga contra os interesses populares. Todos os aqui postados do lado de cá sabem muito bem dos motivos de aqui estarem e lutam, cada um ao seu modo e jeito, contra as injustiças, estejam elas onde estiverem. São tantas as histórias e na junção de todos, eis o bloco constituído, formatado e sempre forte. Se na exatidão da palavra esse agrupamento não pode ser considerado como revolucionário, poderia muito bem o ser como libertário, desbravador, contestador e enfrentador, além de criador de caso. Carnaval para nós não tem sentido sem esse lado social, o da cobrança já feita no dia a dia contra esse bando de perversos a nos judiar o ano todo, os malversadores e sacaneadores do mundo atual. Nos colocamos contra eles de peito aberto, eles lá, nós cá e assim continuaremos até quando for possível. Não existe liga a nos unir, ligar ou mesmo estabelecer diálogo plausível de acordo”.
Poder conversar com gente tão sábia como Maurinho é de um inenarrável luxo. Venham e depois conversaremos a respeito.HOJE AO FINAL DA TARDE, O LINK DE COMO FOI A ENTREVISTA E MEUS COMENTÁRIOS FINAIS DE COMO FOI O BATE PAPO. AGUARDEM...
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