domingo, 31 de março de 2024

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (172)


EM BAURU, A SAGA DOS TRÊS MOSQUETEIROS, PORÉM, ÀS AVESSAS*
* Texto também utilizado contra golpistas de plantão e os 60 anos do insano Golpe de 64, lembrado entre hoje, 31/03 e amanhã, 01/04, Dia da Mentira.
Sim, pode a turba insensata apregoar que tudo já faz parte do passado, enfim, já se passaram quase uma semana do ocorrido e como tudo nestas plagas, alguns dias depois, nada mais é lembrado e o jogo tem prosseguimento, como se quase nada tivesse ocorrido. Guardião não esquece e nesta sua passagem mensal por aqui, faz questão de deixar registrado em alto e bom som, a bazófia ocorrida na Câmara de Vereadores de Bauru, quando o trio a compor a Mesa Diretora da Casa, em desalinho, ou melhor, sem comunicar os demais, alteram a forma de voto e facilitam a vida da alcaide municipal Suéllem Rosim, com sua intenção de privatizar a água e o esgoto municipal a toque de caixa, numa Carta Branca para ser, fazer e acontecer com o dinheiro público. Se tudo já caiu no esquecimento, o trio não foi sumariamente deposto, pouco ainda se fala do assunto, Guardião volta à carga e faz alusão com famoso romance popular.

"Todos conhecem a saga dos Três Mosqueteiros, quando no reinado de um déspota rei francês, investiam contra seu poder e contra também a impidedosa ação de um cardeal, investido do poder real e cravando a espada nos costados do povo. Não existe quem não tenha torcido a favor destes três. Relembro deles neste momento, pois o ocorrido com a quase destituição da Mesa Diretora da Câmara dos Vereadores de Bauru (Junior Rodrigues, Marcos de Souza e Milton Sardim), me fez lembrar do romance de Alexandre Dumas, porém, ao contrário. Lá na Paris de séculos passados, o povo também revoltado contra a desfaçatez de injustiças sendo cometidas se une aos bravos a guerrear contra o poder constituído e aqui, na insólita Bauru, três nada destemidos vereadores, na calada da noite, promovem sem a anuência dos demais - total de 17 -, alteração de legislação vigente, tudo para facilitar a vida do rei Luís XIII, ops, digo, da alcaide municipal. é aquilo da história sempre estar se repetindo, porém, agora como farsa", relembra o intrépido capa e espada bauruense.

O momento, como se sabe, não é para ir, sendo muito mais para lamentações, pois a tal da Mesa Diretora conseguiu se segurar pelo vão dos dedos, com o presidente da Casa, consequentemente da Mesa Diretora, votando, desempatando a contenda e desta forma, sem destituição à vista, continuando nas aprontações de praxe. "Os fatos em Bauru se repetem constantemente. Quem não se lembra da história da alteração do relógio, também numa sessão da Câmara, quando as horas são alteradas, uma votação ocorre, o destino da então província é mudado e quando os demais vereadores comparecem para a sessão, no horário aprazado, tudo já está devidamente consumado e sem possibilidade de alteração. Essa história daria um belo romance, tão ou mais significativo do que a saga descrita dos Três Mosqueteiros. Importante o ocorrido semana passada não cair no esquecimento, pois representa de forma bem significativa algo mais das ocorrências, ditas como normais, respaldadas por uma legislação lida e entendida pelo avesso. Tudo é feito assim às claras, sem que faces fiquem ruborizadas, ou seja, vivenciamos período onde a normalidade política assim se apresenta e é imposta. Isso faz parte do tal jogo democrático, onde sempre e sempre, o voto decide, mas por detrás dele, o algo mais para se chegar até o momento dele ser cravado. Entender o que se passou nos bastidores de toda a trama se faz necessário, pois a vida real não é um romance como o de Dumas, mas algo concreto, imposto neste momento pela administração da denominada incomPrefeita Suéllem Rosim. A maioria venceu e desta forma o jogo prossegue, porém, não sem antes, ser inscrito em mais este triste capítulo da história política bauruense, algo surreal, resvalando em épico romance", conclui Guardião.

Na próxima sessão, talvez o fato nem seja mais lembrado, porém, Guardião faz questão de inscrever o mesmo nos lamentáveis dentro da vida parlamentar da terra do sanduíche. Sem mais palavras, este escriba mafuento dá por encerrada a escrevinhação deste dia, pois acredita, tudo ter sido entendido nos seus mínimo detalhes. E tenho dito.
OBS.: Guardião é obra do edificante traço do artista Leandro Gonçalez e de pitacos escrevinhativos deste mafuento HPA.
Sabe-se, no romance, os três eram quatro. O quarto dentro da perversidade bauruense pode ser facilmente identificado na pessoa da atual alcaide. Imbatível quarteto?

BRASIL, DUAS LEITURAS DE UMA DATA MENTIROSA, POR ERIC NEPOMUCEMO*
* Este Eric, jornalista de uma cepa quase não mais existente é deste que, republico tudo quase sem ler. São das poucas pessoas pelas quais ainda confio quase cegamente. É sempre bom, salutar a existência de pessoas assim pelas quais ainda podemos confiar. Este seu artigo para edição de hoje, 31/3, para ´diário argentino Página 12. Imperdível:

31 de março de 2024 marca o 60º aniversário da Revolução Democrática ou “Redentora” que liquidou o governo do presidente João Goulart e eliminou o risco de o Brasil se tornar um país comunista. O dia 31 de março de 2024 marca os 60 anos do golpe civil-militar que derrubou Goulart e instaurou uma ditadura que, além de entregar o país a interesses privados e famintos, cobriu o horizonte de sombras durante 21 anos com marés de censura. torturas, desaparecimentos e assassinatos que permanecem impunes. A primeira leitura prevalece, de forma não tão discreta, entre os militares da ativa. Mas ainda assim, não há comemorações ou barulhos no quartel. Entre os aposentados será um dia de festas barulhentas em todo o Brasil, com louvor ao passado glorioso e fúria ao presente cada vez mais desastroso. Também prevalece nos setores mais reacionários do país. A segunda leitura, entre as tramas minimamente lúcidas dos brasileiros. Para a extrema direita, concentrada em torno do desequilibrado Jair Bolsonaro e sua gangue familiar, será um dia para lembrar que ainda estão prontos para liquidar o comunismo instalado em nossas pobres almas.

São leituras que partem de um erro. O que aconteceu naquela terça-feira, 31 de março, foi a desastrosa iniciativa do General Olímpio Mourão Filho, de se antecipar ao que seus colegas tramavam. Ele comandou uma tropa em Juiz de Fora, pequena cidade do sul de Minas Gerais, a cerca de 185 quilômetros do Rio de Janeiro. Ele era conhecido principalmente por seu hábito de tirar uma soneca vestindo um pijama vermelho brilhante. Sua intenção era ocupar a cidade do Rio onde Goulart estava com suas tropas atrofiadas, prendê-lo e tomar o poder com seus pares. No dia seguinte, 1º de abril, Goulart ainda estava no Rio e tentou reverter a situação. Procurou generais com tropas reais e não o batalhão do golpista, tentando contar com sua lealdade. Foi em vão: o golpe já estava em curso. Em seguida, voou do Rio para Brasília, onde também não conseguiu nada. E finalmente rumo a Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, sua província natal, onde percebeu a imensa disparidade de forças. Ele desistiu. Refugiou-se no Uruguai e nunca mais conseguiu voltar. Ele morreu jovem e no exílio em dezembro de 1976, aos 57 anos. O Brasil mergulhou em uma ditadura cruel. Menos sanguinários, aliás, que os do Uruguai, do Chile e principalmente da Argentina. Mas o mais duradouro: 21 anos de violência, usurpação e sombra.

Só houve eleições presidenciais em 1989, após 28 anos. O vencedor, Fernando Collor de Mello, não teve carreira política significativa e revelou-se corrupto com irresponsabilidade ilimitada. A maldita herança desses 21 anos de ditadura pode ser revelada sob mil abordagens, todas corretas. Um, porém, sempre me pareceu o mais tremendo, o mais abjeto e o mais perverso: o modo como a memória brasileira foi literalmente derrubada. A minha geração e as duas que vieram depois – eu nasci em 1948 – guardaram uma boa carga de lembranças e registros. Aqueles que vieram depois foram criados sob as forças do esquecimento e da negação. O Brasil se tornou um país amnésico. Perversamente amnésico.

Outro feito da ditadura foi liquidar a educação, tanto pública como privada, em todos os níveis. Entre estes dois feitos, o regime e os seus cúmplices civis deixaram um país de ignorância olímpica e - vale a pena reiterar - de amnésia sem limites. Hoje, 31 de março, completam-se 60 anos do fim da democracia, um período que duraria longos e infinitos 21 anos. Sim, sim: no quartel, militares da ativa celebrarão discretamente a data. Os já aposentados, com imensa euforia. E Bolsonaro, as crianças e sua turma, com a esperança de poder voltar a esses anos de glória. Para surpresa geral, o governo Lula não fará qualquer menção à data. Diz-se que foi um acordo com os militares: eles não se manifestam, nós também não. Além da profunda decepção da maioria dos brasileiros, a atitude de Lula serviu para espalhar ondas de irritação entre seus seguidores.

Ambos os lados – os que comemoram e os que denunciam a data – estão errados. Naquele 31 de março, o que aconteceu foi uma bobagem. Mourão Filho nunca foi além do grotesco. A verdade é que as tropas assumiram o poder em 1º de abril de 1964, levando ao poder a Revolução Libertadora (ou Redentora). E quase houve coerência na data: se no mundo hispânico 28 de dezembro é o dia dos Santos Inocentes, somos mais diretos: 1º de abril é o Dia das Mentiras. Portanto, nada aconteceu no 31 de Março, nem Libertador, nem Redentor, muito menos Revolução. O que aconteceu no dia seguinte, 1º de abril, foi, claro, uma realidade incoerente: não é mentira, mas um golpe de Estado. Miserável, abjeto, perverso. E sinceramente.

sábado, 30 de março de 2024

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (143)


IMPERDÍVEL, BAURU SENDO DISSECADA NO DCM MEIO DIA, PAPO ENTRE GILBERTO MARINGONI E WILLY DELVALLE
https://www.youtube.com/watch?v=TRoOXB7E6YY&t=1073s
"Conversei nesta live de hoje com Willy Delvalle, que eu não conhecia. É correspondente do DCM em Paris e cursou jornalismo na Unesp de Bauru. A partir dos 24m, conversamos meia hora sobre Bauru na atualidade, fascismo, conservadorismo e a história da cidade", me instiga Maringoni ao me enviar o link desta live.

Fui assistir e fico estarrecido. Também não conhecia o Willy e, infelizmente, não me recordo dele dos seus tempos de Bauru. Nessa meia hora de bate papo, deixam nítido essa "expressão de mediocridade do interior paulista", no caso dissecando o que ocorre em Bauru. Nosso, sempre vibrante e estudioso das causas deste conservadorismo, para nós, amigos dele, Beto Gilberto Maringoni 2, bauruense exilado no Grande ABC, participa dessa live e acaba dissecando não só Bauru, mas algo peculiar ao interior paulista. Willy, hoje morando e atuando em Paris - França, relembra dos tempos na cidade quando estudante - idos de 2014 - e de sua atuação e envolvimento com nossas questões.

Quando diz de trabalho realizado por ele, com questionamento para as pessoas nas ruas, o "Bauru, você conhece?", num dos episódios questiona nas ruas pessoas anônimas com a pergunta, "Você já ouviu falar do golpe de 64?". Muito revelador, pois quase ninguém sabia, ainda mais por ter acontecido logo depois do golpe de 2016 contra Dilma, reunindo multidões em Bauru. E na sequência, desponta na cidade a ascenção meteórica do conservadorismo, expressão do que pior temos hoje dentro deste segmento.
Delvalle estudou na Unesp Bauru idos 2014

Tudo culminando com o período onde Bauru teve um prefeito oriundo do Meio Ambiente e vice-prefeita petista, mas depois, a derrocada total e a eleição de uma mulher negra, porém evangélica e bolsonarista, totalmente adepta do que prega seu mentor intelectual, o Mito. Willy e Maringa dizem muito sobre o que é estudar no interior paulista, onde 70% da cidade é bolsonarista. Deixam claro do apagamento muito forte da memória, algo bem nítido ocorrido na cidade. "Esse interior paulista é o que vota em Tarcísio, onde não dá mais para conversar com parentes e a maioria dos antigos amigos, pois todos se converteram ao pior conservadorismo possível", diz Maringoni.

Enfim, já que não teremos nenhuma manifestação contra o golpe de 64 em Bauru, nada como se atualizar sobre Bauru e na visão de quem por aqui passou, vivenciando in loco algo do que sempre escrevo por aqui, a perdição ocorrida na última década. O que ocorre em Bauru, ocorre espalhado por todo interior paulista. Ouço logo ao acordar nesta manhã de sábado e espalho a live, pois é reveladora. Trinta minutos valendo muito a pena. Um debate com continuidade...
Começam a conversa dissecando a famosa torre bauruense na ITE e a "cópia" (sic) parisiense.

HISTÓRIA BONITA PRA SACUDIR O ASTRAL
Num torneio de golfe em Pebble Beach, Califórnia, 2018, o cantor Toby Keith conversando com Clint Eastwood naqueles carrinhos do campo de golfe, ouviu que Clint, estando para fazer 88 anos de idade, já estava pronto para trabalhar durante os próximos três anos em seu novo filme.

- "Cara, como você consegue isso?"

- É que eu me levanto todo santo dia e não deixo o velho entrar", respondeu Clint Eastwood.

Toby não perdeu um único dia: trabalhou firme e gravou: "Don't let the old man in", que enviou de presente para o amigo.

Como a canção é muito bonita, Clint aproveitou e lançou-a no filme que estava fazendo, "A Mula", uma história terrível de um velho de 90 anos que tem de aceitar virar mula para um cartel mexicano, no tráfico de cocaína.

Aqui, um vídeo do Youtube com a canção interpretada pelo autor, e a tradução da letra que vai sendo cantada:

E, aqui, um clip do filme "A Mula", de Clint Eastwood:

Feliz Páscoa!

E PRA FINALIZAR, COMO É POSSÍVEL SER LEVADO AO CAMPO DO NOROESTE MAIS DE CINCO MIL PESSOAS E PARA UMA MANIFESTAÇÃO REVENDO A INSANIDADE DO GOLPE DE 64, MEDRAMOS E NEM REALIZAMOS NADA?
Empatamos 0 x 0 com a Portuguesa Santista no Alfredo de Castilho no dia de hoje, mais de 5.500 pessoas no estádio, mas não conseguimos realizar um mero ato de desagravo para com os 60 anos do bestial golpe civil militar de 64. Adiamos para o próximo domingo o sonho de voltar pra 1ª Divisão do Paulistão, com casa cheia e, diante do vivenciado, impossível não indagar de onde estamos situados dentro do contexto atual...

sexta-feira, 29 de março de 2024

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (170)


ONDE ESTAMOS NESTE MOMENTO E ONDE DEVERÍAMOS ESTAR NESTE MOMENTO

Hoje, dia 29/03, deveríamos todos os lutadores pelas transformações sociais estar envolvidíssimos com algo de protesto pela passagem no próximo dia 31/03 - Epa! não seria melhor fazer algo dia 1º de abril, Dia da Mentira? - com os 60 anos do nefasto Golpe Civil Militar de 1964, porém, pouca coisa irá acontecer neste sentido país afora.

Eu tenho culpa? Sim, tenho. Assumo poderia ter construído alguma movimentação, feito algo mais do que permanecer meio que indiferente. Muito triste isso tudo. Até menos de uma década atrás vivenciei muitas grandiosas manifestações em Bauru. Tínhamos em plena atividade até alguns anos atrás a famosa Esquina da Resistência, cruzamento do Calçadão da Batista com Treze de Maio. Enquanto o ex-vereador Roque Ferreira esteve vivo ali ocorreram, semana após semana, atos contínuos. Não só ali, mas em outros locais, hoje tudo minguou e para algo ocorrer se faz necessário um esforço desmedido, muito maior do que antes. Os motivos são vários e cada qual possui na ponta da língua alguns destes, além de justificativas para não mais estarmos sendo, fazendo e acontecendo.

Eu, no meu caso, repito por aí ter envelhecido, como isso fosse motivo para arrefecer o ânimo. Todos os que protestavam pela aí envelheram. Alguns mais, outros menos. Eu continuo pleno de vontade de "bagunçar o coreto", pois muita coisa está irremediavelmente pior que dantes. Cito como exemplo, a situação atual de como é tocada a atual administração municipal aqui em Bauru. Por motivos muito menores, essa cidade fervia em suas esquinas e hoje, para conseguir lotar a galeria da Câmara se faz necessário muito esforço.

E chegamos a essa data redonda dos 60 anos do fatídico golpe de 64. Lula tem lá seus motivos para pedir pela não realização de atos com envolvimento público, mas nada impede que façamos algo. Sei que, Lula ficaria muito contente em ver a praça de Bauru tomada de gente e infinidade de outras cidades idem, pois isso daria a ele e seu Governo mais segurança para agir em áreas onde pisa em ovos. Talvez nosso medo resida no fato dessa tal dificuldade de agitar as massas e fazê-las se movimentar. Não é coisa de ter perdido o traquejo, mas de certa acomodação, diria mesmo, coletiva. Culpam a esquerda, mas a culpa é coletiva e dentro dela me insiro. Não é só os partidos, os sindicatos, as associações de classe, o movimento social num todo, mas também eu, você e todos nós.

Meu caros e caras, eu não mobilizo mais ninguém. Escrevo e quase somente isso. Eu não tenho dificuldade em me posicionar e talvez, ir pros embates, mas fico esperando algo acontecer e neles me inserir. Por estes dias, confesso aqui, fui instigado por quatro amigos (as), sobre o que seria feito em Bauru. Ouvi atentamente a todos (as), porém, se poderia ter feito algo, deixei a desejar. Vacilei. Nada fiz. Não somente eu, mas tantos outros dentro da mesma linha de pensamento e ação que a minha. Não devemos ter medo ou receio se o outro lado, o da ultradireita algo ocorre. Recomeçar é preciso e estamos marcando passo, vendo a banda passar e isso é mais do que péssimo.

Dia 31/3 cai num domingo e 1º/4 segunda. Nada na cidade, nem na Esquina da Resistência, nem em nenhum outro lugar. Eu não quero envelhecer e me sentir inútil. Creio eu, ainda posso dar muito de mim pra luta por dias melhores e em busca de outro mundo possível. Abomino isso de ver a banda passar. Sei que, até pelos pedidos recebidos para algo ser tentado, falta algo, talvez um toque a mais, um clique, uma sinalização ainda não feita, pois se amanhã estarei todo pimpão lá no campo do Noroeste para, junto de mais de 4 mil pessoas, torcer pelo Noroeste, por que não também estar nas ruas protestando para que a bestialidade ocorrida em 64 e quase repetida em 8/1/2023 não mais ocorra? Se me mobilizo para ir assistir uma partida de futebol, um show de um ídolo, para estar numa festa, ajuntamento religioso, quermesse ou seja lá o que for, creio que, estamos todos deixando a desejar. Lembro que, perdemos em Bauru de lavada, 70% para o bostonauro nas urnas, mas algo já foi mais do que demonstrado de aberrações cometidas por este e seus seguidores.

Daí, já era tempo de estarmos todos na lida e luta, jogando duro contra a bestialidade solta pela aí. Somos fortes, porém nos acomodamos. Mas ainda dá tempo de ser acordado e voltar à carga. Falta o que, hem gente!!!
Obs.: Será nem essas fotos de manifestações e enfrentamentos em tempos muito mais perigosos que os atuais não mais nos estimulam a voltar pras ruas e lutas?

A DIFERENÇA

quinta-feira, 28 de março de 2024

UM LUGAR POR AÍ (178)


QUANDO VOCÊ TEM CERTEZA QUE TUDO ESTÁ VIRADO
"Ontem peguei um Uber e o cara me disse que não aprova as novas regras, disse se quisesse trabalhar com CLT ia atrás de um emprego......kkkkkk", professor Dextter Paes Leme.

NÓS NOS DISTANCIAMOS DE NÓS MESMOS
Militei minha vida inteira por algo como um sonho, objetivo de uma vida inteira, onde lá no final, pensando sempre no coletivo, todos conseguiriam vivenciar algo bem melhor, ou seja, uma vida mais tranquila, saudável, onde o ser humano pudesse ser valorizado e as desigualdades deixassem de existir. Uma utopia inatingível. Quando vejo, como o fiz ontem, um ser humano como um militar brasileiro, querendo apresentar o presidente Lula como um homem do bem, sem o ser comunista, em primeiro lugar, queria entender o que existe de tão errado no ser que é convicto comunista. Na verdade, existe sim uma enorme distorção no entendimento, ou melhor, na forma como passam adiante o que venha a ser isso do cidadão comunista. Seria tão desabonador assim a pessoa querer que todos desfrutem de algo mais ou menos similar, que deixe de existir enormes diferenças entre os seres humanos? Quando eu me volto para a minha utopia ideal de mundo, impossível não associá-la a algo dito e visto como comunista. Enfim, é assim que sou visto e é assim que é visto quem luta pelo fim das desigualdades e das injustiças.

Nasci, cresci, vivo e continuarei vivendo dentro do sistema capitalista. Por tudo que li e da vivência de 63 anos de labuta, evidente que não o aceito na sua plenitude. Enfim, pelo conjunto da obra, ele nos eferece algo e não entrega. Para mim, a promessa nunca abrange todos, pois é meramente impossível satisfazer a todos dentro de um sistema onde o privilégio é para poucos. O capitalismo é isso, ele nos apresenta tudo, como se isso fosse atingível, se com alguma disposição fossemos desfrutar disso tudo. Não tem como, sempre a maioria ficará chupando o dedo. É como esse novo dinheiro aí circulando no mercado, o tal do bytcom ou como tínhamos até bem pouco tempo circulando pela aí as tais das pirâmides financeiras. O esquema sempre foi para poucos lucrarem e a maioria só investir, perder dinheiro. Espertalhões ganham, a maioria padece às portas do paraíso (sic). A conta nunca vai fechar.

Eu não desisto de ver ainda um dia muitos dos meus sonhos realizados, sendo colocados em prática e à minha volta, um mundo mais feliz, onde as pessoas possam vivenciar algo melhor. Este lugar talvez até já exista em algum canto remoto deste planeta, mas se espalhar, logo virão as raposas para rapinar tudo, desvirtuar o que se passa, enfim, exemplos podem vir a se tornar algo maior e daí um perigo para o "sistema". Dizem horrores de Cuba, mas o que o regime cubano propõe é algo bem simples - hoje também já desvirtuado -, uma vida simples, sem arroubos, ciente da pobreza, mas onde ninguém passa necessidades. O pouco existente é dividido entre todos e assim, a real possibilidade de uma vida mais feliz, sem supérfluos, mas com o básico nunca deixando de existir. E precisamos do que mais? Pois é, o capitalismo sugere de tudo, mas para se chegar lá, uma luta desenfreada, fratícida e surreal, onde todos são atropelados, se digladiam uns com os outros e só os de sempre continuam a usufruir do bem bom.

Essa experiência vivenciada pelo amigo Dextter dentro de um Uber é o afunilamento de tudo o que tento aqui dizer. Nem quero analizar o que vai pela mente deste uberista, triste figura de um triste momento do mundo do trabalho. Lutou-se tanto, enfim, foi uma batalha colossal o trabalhador ter conseguido conquistar uma legislação que o protegesse e depois de tudo, o capitalismo, nessa sua modalidade atual, consegue não só destruir tudo, como enfiar dentro da cabeça das pessoas, as que padecem das dificuldades sem essa legislação protetora que, sem as leis suas vidas serão melhores. Esses não entenderam que, o capitalismo não está nem aí com eles. Eles, os executores de todo tipo de serviço são necessários, porém, quando tudo é conseguido com um lucro maior para os poucos, dane-se o resto. E através de um contrainformação muito eficiente, invertem tudo e aquele a sofrer ainda defende sua situação de penúria e dificuldade.

Lula não é comunista, mas só por ousar querer atender a algumas justas reivindicações dos menos favorecidos é assim taxado. Evidente não ser ele comunista, mas não nego, é possuidor de uma rara sensibilidade. Ele tenta, ao menos, fazer algo pensando no todo. As forças contrárias são enormes e hoje, para conseguir subir um mero degrau neste sentido, se faz necessário acordos variados e múltiplos. Hoje mesmo, evidente que ele queria ver o Brasil repudiando o que representa para todos nós os 60 anos do Golpe de 64. Prefere fazer um acordo com os militares, ameniza a coisa e segue tentando implantar algo, que sem confronto e muita luta não seria possível. Ele descobriu um caminho, o da conciliação, do acordo e assim segue, cedendo aqui e ali, mas subindo degraus. Se as massas estivessem nas ruas impondo mudanças tudo seria mais fácil, mas como até para os atos deste dia 31/3 - não seria 1º de abril? - pouca gente é mobilizada, daí segue seu ritmo, ao seu modo e jeito. Ele faz e não fosse ele hoje, como estaríamos num segundo mandato do Seu Jair? Não gosto nem de pensar.

Comecei escrevendo sobre um lugar de sonhos e acabo constatando deste lugar onde vivemos, nada ideal, cheio de remendos e cada qual eleito impondo um jeito de administrar a coisa pública. Evidente que, gente como Tarcísio, Milei, Suéllen não farão nada em prol da imensa maioria dos desprovidos. Olho para a terceirização da Saúde em Bauru, o que está em curso com a provável privatização da água e do esgoto, do que está por detrás, os interesses em jogo e isso tudo muito distante de algo realmente pensado coletivamente. Com a tal da Direita no poder, cada vez mais e mais o povo distante de ter quem o defenda, pois se da boca pra fora conseguem atingir essas camadas sociais, para quem entende um pouquinho só do que realmente se passa, a certeza de que estão sendo ludibriados, pois com estes tudo continuará muito difícil, complicado e cada vez mais o capitalismo sendo exercido para uns poucos terem tudo e tudo o mais padecer pensando e vendo que ele até pode chegar lá, mas não sabe, nunca o conseguirá, pois tudo será feito pela interrupção da realização dos seus sonhos. O Uberista, sem o saber, mesmo com discurso contrário, sofre isso tudo na pele e expele, como espécie de resposta, pois perdido está, no desamparo e desassistido, sem a quem recorrer, precisando enfrentar rotina desgastante para sobreviver. Está desacreditado e desacredita até de quem possa lhe estender a mão. Ele acha, resolverá tudo individualmente, ele sózinho contra os moinhos de vento. Nem busca mais algo coletivo. Ou seja, meus sonhos cada vez mais distantes de se tornar realidade. Mas a luta continua...


ALGO QUE, BATISTAS E DEMAIS EVANGÉLICOS DE BAURU E DO RESTO DO BRASIL PRECISAM ASSISTIR
Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista da Água Branca. É libertador não precisar ficar perto de quem não respeita a nossa identidade.
Eis o link de seu vídeo: 
https://web.facebook.com/marcos.breda/posts/pfbid02HFNnwB8j85UhUdaAQwd9LJPUf3LaWJVNqqd2KSCSaEqmWcSzpmb4hDj7gZxHVedSl

UMA RUA SÓ DELE, NA OLÍMPIADA DE PARIS
Franceses inauguram 'Rua Dr. Sócrates' no coração da Olimpíada de Paris 2024 - França.

quarta-feira, 27 de março de 2024

FRASES DE LIVRO LIDO (199)


A DIREITA ODEIA A CULTURA
Estou neste momento sentado na sala de espera de consultório médico. Enquanto aguardo ser atendido, a cabeça fervilha a deglutir, digerir e por pra fora, fazer ganhar o mundo, o que acabo de ouvir, pelas ondas do rádio, através da voz de Vitor Hugo Morales, no seu matinal programa, ouvido por mim quase todos os dias pela argentina 750AM: "A direita odeia a Cultura". Foram dez minutos de algo dito, em alto e bom som, algo do qual sempre soube a agora, repito com minhas próprias palavras, misturando o que ouço, com o que já rumina minha cachola faz tempo.

É simples. Pura constatação. A direita abomina as formas expressivas de Cultura, pelo simples fato dela ser contestadora. Ao contestar, evidentemente estará se posicionando contrária a quem pratica o poder em benefício próprio e o individualismo, ao invés da luta coletiva. A Cultura é a exposição de ideias e sua simples propagação é um protesto. Quem pensa reage, não fica quieto, não é indiferente, enxerga além e ao se manifestar, quer queiram ou não, já estão tomando partido. Cultura indiferente não é Cultura. E ao se posicionar, impossível essa estar prestando reverência a quem produz ou faz barbaridades. Inevitável um choque. Antagônicos por natureza. Quando diante de algo cultural muito próximo do seu algoz, paparicação do poder, pode crer, estão aí de cabeça baixa, aceitando as regras e se sugeitando as piores condições, sempre impostas, nunca negociadas. Não existe acordo para quem não gosta e abomina a Cultura. Estes fazem algo, mas por pura pressão ou por saber que, no exercício do cargo do qual estão investido, algo precisará ser feito. Mas se, fosse pela cabeça destes, virariam definitivamente as costas para quem produz Cultura e, desta forma, produz algo com a intenção de instruir, abrir os olhos de quem esteja do outro lado. Assim sendo, os fazedores de Cultura são todos "gente perigosa", da pior espécie, pois estarão constantemente conspirando, produzindo algo contrário a todos os interesses reunidos no que se denomina como Direita.

A Cultura peleia contra o poder opressor. Assim a vejo e não consigo enxergá-la de outra maneira. Não pode haver quem dentro do meio cultural defenda o poder maléfico a destruir tudo. Os negacionistas perdem prazos, dizem tudo estar sendo feito, porém quase nada acontece. Hoje na Argentina, ao invés de fazer algo pela Cultura, Javier Milei quer mudar o nome do maior centro cultural do país, tudo porque leva o nome de algo no oposto de tudo o que faz, Nestor Kirchner. Aqui em Bauru, a alcaide municipal Suéllen Rosim, com dinheiro em caixa desde julho de 2023, até agora não fez nada para aprovar a Lei Paulo Gustavo, direcionando quase 3 milhões de reais para agentes culturais da cidade. Estes dois, Milei e Rosim, representam algo dentro de tudo isso que escrevo. Não dá para crer em alguém em plena consciência, artista na acepção da palavra, continuar ao lado de quem lhes crava, a todo instante, a espada nas costas.
Claro, a Cultura e seus agentes estarão sempre se ocupando de lutar por um mundo melhor e não pelo contrário. Impossível dizer que quem foi contra vacinas, apoiou o genocídio, tem ideias de que o milicianismo é melhor com sua Justiça própria e depois de tudo o que já tomamos conhecimento dos malefícios dessa política federal dos tempos de seu Jair, o ultra-direitista, ainda continuam ao seu lado ou minimamente o apoiando. Não tivemos Cultura nos tempos do seu Jair, tudo foi aniquilado. E seus seguidores agem da mesma forma e jeito. Uns mais rápidos que os outros, mas todos perversos, pois algo em comum os une, o ódio pela Cultura. Abomináveis os agentes culturais se posicionando ao lado de políticos predadores de tudo o que fazem. Agem contra o próprio patrimônio. Em Bauru muitos destes, assim como nacionalmente. Ainda bem, a maioria além de saber muito bem o que acontece, repudia o jeito estapafúrdio e retrógrado de administração propagada por gente com ligação umbilical com a Direita.

Isso tudo foi um desabafo, escrito partes na sala de espera de consultório médico e finalizado após o almoço, antes de dar início ao "segundo tempo" do dia. Este assunto renderia um escrito muito mais longo, porém, paro por aqui e se algo mais for acontecendo, irei, com certeza, colocando mais lenha nessa fogueira. Reafirmo ao final, A DIREITA ODEIA A CULTURA e faz de tudo - e mais um pouco - para que nada ocorra para quem age epensa exatamente o contrário de suas ações e prática.


RELATOS DE QUEM CONVIVEU ENTRE OS MISERÁVEIS DE DUAS METRÓPOLES
Para quem, como eu, escreve muito sobre os miseráveis deste mundo, de suas dificuldades e tenta ao menos ir além da escrita, eis que me cai às mãos um livro, comprado na Banca do Carioca, Feira do Rolo, “NA PIOR EM PARIS E LONDRES”, George Orwell (Editora Príncipis/Selo Ciranda Cultural, 2021, 224 páginas). Orwell não só escreve sobre o trabalho destes junto a serviços e moradias coletivas, miséria, fome e o mundo dos moradores em situação de rua, mas algo vivenciado pessoalmente por ele mesmo nos idos da escrita do livro, 1933.

Para entender algo dessa triste realidade, ainda bem presente, nada como ler algumas das frases aqui separadas por mim, com algo mais do que doído, mas sentido nas mais profundas entranhas do ser humano e de suas dificuldades de sobrevivência:

- Os cortiços de Paris eram local de reunião de pessoas excêntricas, gente que havia caído nas valas solitárias e meio loucas da vida e desistido de tentar ser normal ou decente. A pobreza as liberta dos padrões comuns de comportamento, como o dinheiro liberta as pessoas do trabalho. Alguns hóspedes de nosso hotel tinham vidas que palavras não podiam descrever.

- É a peculiar baixeza da pobreza que você descobre primeiro; as mudanças que promove em você, a mesquinharia complicada, a economia de migalhas. (...) ...mal alimentado, não consegue se interessar por nada. (...) Só comida é capaz de animá-lo. Você descobre que um homem que passou uma semana a pão e margarina não é mais um homem, é só uma barriga com alguns órgãos acessórios. (...) Descobri a grande característica redentora da pobreza: ela aniquila o futuro.

- A inércia completa é minha principal lembrança da fome. (...) Parecer faminto é fatal. Faz as pessoas quererem chutar você. (...) Um homem faz qualquer coisa quando está com fome. (...) Você já reparou no sabor que tem o pão quando se está com fome há muito tempo? (...) Para muitos homens do bairro, homens solteiros e sem um futuro em que pensar, a bebedeira semanal era a única coisa que fazia a vida valer a pena.

- ...as vezes torcia um pano de prato sujo na sopa de um cliente antes de leva-la, só pra se vingar de um membro da burguesia. (...) ...simplesmente foram aprisionados por uma rotina que torna impossível pensar. Mas eles não pensam, porque não têm tempo livre para isso; a vida que levam fez deles escravos. (...) Sem dúvida, hotéis e restaurantes precisam existir, mas não há necessidade de escravizar centenas de pessoas. (...) ...é mais seguro mantê-los ocupados demais para pensar. (...) ...qualquer liberdade concedida aos pobres é uma ameaça à sua própria liberdade. (...) ...o homem culto prefere manter as coisas como estão.

- Tudo esplêndido, se puder pagar por isso. (...) As roupas de um mendigo são ruins, mas escondem coisas muito piores; para enxerga-lo como realmente é, sem disfarces, é preciso vê-lo nu. Pés chatos, barriga inchada, tórax oco, músculos flácidos – todo tipo de podridão física está lá. (...) Você nunca vai conseguir tirar nada de um rico. É dos miseráveis que se tira mais proveito, e dos estrangeiros. (...) ...se olharmos com atenção, veremos que não há diferença essencial entre o jeito de ganhar a vida de um mendigo e de inúmeras pessoas respeitáveis. (...) Um mendigo, examinado com realismo, é simplesmente um homem de negócios, ganhando a vida, como qualquer outro homem de negócios, da maneira que pode. Ele não vendeu sua honra, não mais do que a maioria das pessoas modernas; simplesmente cometeu um erro de escolher um ramos no qual é impossível ficar rico.

- As pessoas se enganam quando pensam que um homem desempregado só se preocupa com a perda do salário; pelo contrário, um homem analfabeto, que tem o hábito do trabalho profundamente arraigado, precisa de trabalho ainda mais que o dinheiro. (...) É curioso como as pessoas acham que têm o direito de pregar e orar por você assim que sua renda cai abaixo de um determinado nível. (...) É curioso, mas poucas pessoas sabem o que leva um mendigo para as ruas. (...) O mal da pobreza não é tanto fazer o homem sofrer, mas degradá-lo espiritual e fisicamente. (...) O outro grande mal da vida de um mendigo é o ócio forçado. (...) ... sinto que não vi mais do que franjas da pobreza.

terça-feira, 26 de março de 2024

BEIRA DE ESTRADA (178)


SEMPRE AGIU ASSIM, UM PERFEITO CAGÃO*
* Hoje, confesso, não sentei para escrevinhar nada diante da telinha do computador, daí, nada melhor que reproduzir algo aqui com a intenção de provocar alguma boa discussão...

A ESQUERDA ESTÁ MORTA! VIVA A ESQUERDA!, POR EMIR SADER
Uma análise que não consegue capturar onde está a esquerda e onde está a direita não está em condições de compreender o Brasil.

Afinal, qual é a linha divisória, para entender onde estão a esquerda e a direita. Quais são os critérios para definir os dois campos?

O atual período histórico é marcado pela adoção, pelo capitalismo, do modelo neoliberal. A direita assumiu o seu modelo atual, é uma força neoliberal, que centra a sua ação contra o Estado, pela desregulamentação econômica, pelo livre comércio. Ser de direita hoje significa abraçar o neoliberalismo.

Nesse sentido, onde está a direita, onde está a esquerda? Uma forca, um governo de direita, é uma forca e um governo neoliberal. Uma força e um governo de esquerda, por sua vez, são uma força e um governo antineoliberal.

Absurdo de quem pratica demagogia na mídia, questionando até se o atual governo brasileiro é de esquerda. Ou, se a esquerda tivesse morrido, o governo Lula e o PT não seriam mais de esquerda.

Se assim fosse, não conseguiriam distinguir entre os governos do PT e os governos do PSDB e, agora, os governos de extrema-direita de Bolsonaro. Eles perderam a capacidade de diferenciar direita e esquerda.

Os governos neoliberais são caracterizados pela privatização generalizada de empresas. Opõem-se diretamente ao Estado, definindo-o mesmo como seu inimigo central. Eles promovem acordos de livre comércio com os Estados Unidos.

Para quem perdeu a perspectiva, os governos e as forças antineoliberais priorizam as políticas sociais, promovem o fortalecimento do Estado e dos processos de integração, tanto regionais como Sul-Sul.

Em resumo, o confronto entre o neoliberalismo e o antineoliberalismo caracteriza o nosso período político. Há detalhes, aspectos parciais, mas nada muda esse confronto central.

O governo Lula é um governo antineoliberal. Com a dificuldade de ter sido eleito sem maioria no Congresso e herdando um presidente neoliberal do Banco Central, indicado por Bolsonaro.

Isso diferencia o terceiro mandato de Lula dos demais. As alianças são essenciais para podermos conviver com um Congresso onde não há maioria. Ele tem que viver, pelo menos durante metade do seu mandato, com taxas de juros extremamente altas.

Mas isso não significa que o seu mandato deva ser descaracterizado como sendo frontalmente antineoliberal e de esquerda. Quem perde essa perspectiva perde a capacidade de compreender o Brasil contemporâneo.

Nem mesmo a direita pensa que a esquerda está morta. Ao contrário. Acusam a esquerda de ter dominado o Brasil e querer sempre mais.

Então de onde vêm os artigos na Internet que dizem “a esquerda está morta”? O tema que não me interessa, porque não me ajuda a entender o Brasil de hoje, nem a entender a própria esquerda.

Quem preside o Brasil hoje, com as alianças essenciais por não ter maioria? Onde está a esquerda? Está à direita?
(Artigo originalmente publicado no diário argentino Página 12, MArço 2024).

O CARA QUERIA SOMENTE ISSO, ASSIM DO NADA

E MAIS ISSO, POSTADO AGORINHA MESMO E JÁ COMPARTILHADO POR MIM

segunda-feira, 25 de março de 2024

RETRATOS DE BAURU (286)


DIANTE DE UMA "MESA DA CÂMARA", ESCAPANDO PELO VÃO DOS DEDOS DE SER SUBSTITUÍDA E SENDO PROVOCADA A RENUNCIAR PELO BEM GERAL, EIS QUE ME LEMBRO DE D. H. LAWRENCE

"A INDECÊNCIA PODE SER SAUDÁVEL
A indecência pode ser normal, saudável;
na verdade, um pouco de indecência é necessário em toda vida
para a mentar normal, saudável.
E um pouco de putaria pode ser normal, saudável.
Na verdade, um pouco de putaria é necessário em toda vida
para a menter normal, saudável.
Mesmo a sodomia pode ser normal, saudável,
desde que haja troca de sentimento verdadeiro.
Mas se algumas delas for para o cérebro, aí se torna perniciosa:
a indecência no cérebro se torna obscena, viciosa,
a putaria no cérebro se torna sifilítica
e a sodomia no cérebro se torna uma missão,
tudo, vício, missão, insanamente mórbido.
De todo modo, a castidade na hora própria é normal e bonita.
Mas a castidade no cérebro é vício, perversão.
É a rígida supressão de toda e qualquer indecência, putaria e relações
assim leva direto à furiosa insanidade.
e a quinta geração de puritanos, se não for obscenamente depravada,
é idiota. Por isso, você tem de escolher".
(Tradução de José Paulo Paes)
HPA na conclusão muito óbvia: Será que o trio consegue interpretar o que está a fazer? Será possuem mínima compreensão da obscenidade latente, pulsante e do tamanho do estrago gerado pela Vitória de Pirro - ou seja, outra vitória dessa e estaremos acabados - desta tarde? Talvez não compreendam nada disso, mas sacam muito de sodomia e perversão. A poesia caiu como uma luva para o ocorrido nas hostes da Casa de Leis bauruense nesta fatídica tarde.

A MESA NÃO CAIU E COM SETE PEDIDOS DE VISTAS, PRIVATIZAÇÃO SÓ IRÁ OCORRER QUANDO SUÉLLEN TIVER CERTEZA DE SUA VITÓRIA
Em Bauru o jogo é jogado desta forma e jeito. Na votação da substituição da Mesa da Câmara, o placar foi apertado, 8 x 8 (vereador Mariano enfim, mostrou votando em qual lado se encontra) e, mais surreal impossível, o presidente Júnior Rodrigues desempatou, ele votando contra sua própria destituição. E tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Alguma novidade? Nenhuma, nem o voto de Mariano. Tudo dentro das previsões.
A pauta da Câmara vai continuar travada, pois a outra votação, aquela dos 3 bilhões e meio da privatização da água/esgoto não foiu e nem será votada assim tão rapidamente. Quando chegou o momento da decisão, tanto de um lado como de outro, tanto os contrários como os favoráveis pediram mais tempo, ou seja, com SETE pedidos de vistas, tudo foi jogado pras calendas. Só mesmo a alcaide pode destravar tudo, retirando o pedido de urgência para essa votação. Isso ocorrendo, a Câmara voltaria ao normal e poderia votar tudo, inclusive a aplicação do dinheiro em caixa para a Lei Paulo Gustavo. Ela, insensível até a medula, pelo visto, continuará com a queda de braço, desta forma, nas próximas sessões, mero encontro trivial, roda de conversações e verificação de quórum. Se a alcaide trava de um lado, SETE o fazem de outro.

Existiu um controle de entrada e saída mais rigoroso, controle de fluxo ocorrendo, com brechas para entrada pelos meios alternativos, porém, sem levar em conta que quente mesmo não era e não foi as galerias e sim, a fala pelos microfones, principalmente nas tais QUESTÕES DE ORDEM. O que se viu o tempo todo foi uma Mesa acuada e oito vereadores unidos, principalmente na diversidade, contrários a tal da CARTA BRANCA para alcaide, em caso de aprovação do projeto de concessão como se apresenta.

Em ocasiões assim, os detalhes são de grande monta. Pela primeira vez, o advogado Milton Dota Jr se apresentou à frente do Jurídico da Casa, se perfilando ao lado de Rafael Almeida Ribeiro. Eduardo Borgo, como sempre, eloquente e esbravejando em alto e bom som. Hilário, quando estava quase convencendo também o lado dos céticos com sua atuação, mas ao final, repete cena conhecida da Escolinha do Professor Raimundo. Estava indo tão bem, quase tirando Nota DEZ, mas cita Javier Milei como exemplo de algo positivo e põe tudo a perder. Foi o exato momento quando quem o aplaudia, pensou duas vezes, caiu a ficha, enfim, como disse outro vereador, coronel Meira, "eventualmente temos pautas pensando da mesma forma".

Num dia como o vivenciado na tarde de segunda, prováveis duas votações, uma de destituição e outra de aprovação, quem esteve nas galerias, quieto o tempo todo, sorriso esboçado no rosto foi o ex-prefeito Antonio Izzo Filho. Sem querer voltar no tempo, creio eu, deve passar um filme em sua cabeça, do jogo de bastidores ocorrendo nestes dias entre quem decide. Sob forte pressão, o bom disso tudo foi verificar que nem tudo está devidamente perdido e alguns se salvaram, mostrando boa aptidão para o exercício do cargo de fiscalizador da coisa pública, outros nem tanto, ou a demonstrar exatamente o contrário. Este só mais um capítulo dessa longa novela, cujo final ainda prevê alguma emoção e muita previsibilidade quando chegar a hora da decisão final. Irão demorar tanto, para no final, chegar na conclusão já imaginada pore tudo, todas e todos.

Outra coisa. Um pedido de processante feito por Luiz Carlos Valle contra Estela Almagro. Bafafá garantido. Ele, muito próximo da alcaide, tendo sido até seu aval imobiliário e ela, nos mostrando ao vivo e acores, algo mais de como Valle tem atuado nas últimas partidas onde o colocaram para jogar. O jogo de xadrez, mesmo com toda sua previsibilidade, possui lances fora das quatro linhas.

E PRA NÃO DIZER TER NADA ESCRITO SOBRE LEWANDOW
SKI
Em plena Feira do Rolo, domingo pela manhã, prisões acontecendo no caso Marielle Franco e a fala do ministro da Justiça pela TV, anunciando algo mais da sórdida trama. Extasiado com o que ouvia, vejo ali diante dos meus olhos o nome do ministro estampado no costado de um senhor, daí a pergunta que não quer calar: seria em função do craque de bola polonês ou do nosso craque a enfrentar o milicianismo?

domingo, 24 de março de 2024

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (128)


CHEGOU O DIA DA GOLPISTA BAURUENSE, MAS AINDA NÃO DOS FINANCIADORES E IDEALIZADORES

- "Nossa! Muito triste essa notícia. Pra ela, claro!!! Kkk hehehe!
Vamos tomar uma cervejinha Henrique? Com o bom e velho bate papo, falar de democracia, justiça social, Literatura, artes, história... Agradecer o fato de não estarmos ao lado de trouxas que pegaram 15 anos de prisão em nome de um (...) pedindo a perda de todos os direitos, liberdade e até a própria vida, com uma ditadura.
Nada a comemorar, claro! Enquanto existir pessoas sem consciência política ou social, extremamente manipuláveis pelo (s) sistema, não haverá paz ou comemoração. Ficaremos indignados, mas tomando uma cervejinha no bar do Genaro. Kkk", Décio de Souza, direto de Lençóis Paulista.
- "O incrível é que saiu um ônibus lotado daqui de Bauru pq só ela foi condenada cadê os outros?", Dirceu Mosquette Junior.

O EXEMPLO ARGENTINO NAS RUAS E ALGO AINDA INSIPIENTE PARA OS 60 ANOS DO ANIVERSÁRIO DO GOLPE BRASILEIRO
Neste domingo na Argentina algo auspicioso para reverenciar a luta em memória de algo muito triste na história do país vizinho, os 48 anos do genocída golpe civil militar. A história não esquece, pois por lá, a crueldade dos milicos contra quem resistia foi impiedosa, cruel e muito insana. Daí, mesmo com o desGoverno de Javier Milei, o pueril ultra-direitista no poder jogando contra, a praça de Maio, defronte a Casa Rosada e todas as ruas no seu entorno estibveram lotadas. Vivendo um momento onde as manifestações são oprimidas e rechaçadas, assim mesmo, o comparecimento foi em massa. Assim se apresenta a rejeição ao proposto por Milei ao país, num claro GRITO, dado em alto e bom som para que tudo não se repita, pois sempre a acontecer, junta tragédia e farsa.

No slogan das ruas, "Temos mais de 30 mil razões para defender a Pátria" e desta forma o povo compareceu, mesmo com a mídia o ignorando e se mostrando favorável aos desmandos atuais. Escrevo deles e fico a pensar no que deverá ocorrer no Brasil no próximo final de semana, quando dos 60 anos do também golpe civil militar de 1964. No próximo dia 31 de março o Golpe Militar de 1964 completa 60 anos, marco que jogou o Brasil sob uma ditadura que perduraria por 21 anos, causando enorme impacto social e político para o país. Por aqui, se o horror foi menor, não deixou de ter rastros significativos com muito sangue derramado e depois, uma anistia ampla, não punindo quem de direito, os executores golpistas.

Se hoje o presidente Lula pede pela não realização de atos, entendo em minha consciência reversa, estar a pedir exatamente o contrário. Se o seu governo continua mais acuado que nunca, nada como a resposta salvadora vir das ruas, numa inenarrável surpresa, com demonstração explícita de luta contra o arbítrio. Gostaria e estarei movendo céu e terra para algo ocorrer em Bauru, pois 64 precisa ser constantemente execrado, rejeitado e repudiado. Por outro lado, a rejeição deve ocorrer do ato proposto pelos adoradores e a propor a "Grande Festa em Louvor a São Pneu". Depois de toda crueldade ocorrida, após a descoberta de uma trama urdida dentro dos quartéis, a dos favoráveis ao golpe bolsonarista, rejeitar os que ainda endeusam 64 é mais que necessário, pois quase tivemos uma repetição sangrenta em 8 de janeiro do ano passado. O povo brasileiro precisa sim sair às ruas e rejeitar novos golpes e outros 64. Na Argentina isso ocorreu com grande pompa. Falta algo assim ocorrer por aqui. Contem com todo meu apoio, colaboração e participação neste sentido.

OBS.: Na Argentina, o Boca Juniors se apresenta contra o golpe e aqui, o outrora Cortinthians da Democracia faria o mesmo, porém, que time brasileiro o faria hoje? Continuo a crer no Corinthians e na "thurma" bauruense da resistência para algo contundente na cidade, Esquina - com letra maiúscula - que leva este nome, Calçadão da Batista com Treze de Maio. Ainda dá tempo.

OUVIR JOGOS DO NOROESTE EU SÓ O FAÇO PELO JORNADA ESPORTIVA
Antes de dar início a esta ODE para com o que ouço pelas ondas da rádio Jornada Esportiva, digo que, só não os ouço quando no estádio Alfredo de Castilho, isso se deve ao delay, estes minutos em desacordo com o que se passa ali ao vivo. Impossível ouvir e assistir futebol com minutos em desacordo. No fatídico jogo da classificação do Esporte Clube Noroeste, os 5 x 1 no Taubaté - mais um dos inesquecíveis dias -, estava no estádio, porém sem rádio nos ouvidos, o que para mim é triste, pois venho de longa data com a tradição de levar radinho de pilhas aos jogos. Tudo bem que, hoje tudo pode ser transferido para o celular, mas com deley, impossível. Prefiro manter o aparelho desligado.

Podem me dizer que em Bauru existe outra equipe esportiva no rádio, a da hoje indefectível Jovem Auri-Verde. Ouvi muito futebol através deles, mas isso no passado. Desde quando abrigou a extrema direita mais radical em suas hostes, não mais sintonizo, quanto mais ouvir. Estes deixaram de existir no universo da credibilidade, pois associados ao que de pior existe no jornalismo tupiniquim, seria o mesmo que apoiar o que fazem. Abomino hoje tudo o que possui a chancela Auri-Verde, credibilidade zero. 

Do outro lado o Jornada Esportiva, equipe comandada pelo narrador Rafael Antonio, ao lado de profissionais como o repórter de campo Jota Martins, o comentarista José Luiz Pereira e el alguns momentos Roberto Maldonado. Eles represetam a velha cepa futebolística, bem diferente do que ocorre nas hostes da concorrente. Dá gosto saborear uma partida de futebol com estes ao microfone. Neste último jogo, o primeiro da fase de oitavas de final, 1 x 1 com o São Bento, não pude ir ao estádio. Sofri do outro lado, porém, ganhei em muito com a transmissão completa da competente equipe esportiva. O trio de ferro dessa rádio é impagável, com eles futebol sem decepção. Presto aqui minhas pessoais reverências a eles, em primeiro lugar pela forma como resistem, insistem e assim seguem adiante, remando contra a maré, porém apresentando algo realmente salutar. Merecedores de todos os elogios, os faço e espalho com este breve texto. Não fosse o delay, voltaria com louvor a escutar rádio no estádio, agora com o celular encostado aos ouvidos.

EU AINDA ACHO QUE TEVE ALGO TRAMADO DENTRO DO "VIVENDAS DA BARRA"
Vende se casa no condomínio Vivendas da Barra .
O lugar até que é bom, mas o que mata é a vizinhança

QUANDO VI O PUBLICADO PELO ARGENTINO DANIEL PAZ, FIZ QUESTÃO DE COMPARTILHAR, POIS ME LEMBREI DE IMEDIATO DO QUE FAZ O PADRE JULIO LANCELOTTI, MARIA INÊS FANECO, TATIANA CALMON E TANTOS OUTROS ABNEGADOS ENFRENTANDO O MÊDO COM ATITUDES