Militei minha vida inteira por algo como um sonho, objetivo de uma vida inteira, onde lá no final, pensando sempre no coletivo, todos conseguiriam vivenciar algo bem melhor, ou seja, uma vida mais tranquila, saudável, onde o ser humano pudesse ser valorizado e as desigualdades deixassem de existir. Uma utopia inatingível. Quando vejo, como o fiz ontem, um ser humano como um militar brasileiro, querendo apresentar o presidente Lula como um homem do bem, sem o ser comunista, em primeiro lugar, queria entender o que existe de tão errado no ser que é convicto comunista. Na verdade, existe sim uma enorme distorção no entendimento, ou melhor, na forma como passam adiante o que venha a ser isso do cidadão comunista. Seria tão desabonador assim a pessoa querer que todos desfrutem de algo mais ou menos similar, que deixe de existir enormes diferenças entre os seres humanos? Quando eu me volto para a minha utopia ideal de mundo, impossível não associá-la a algo dito e visto como comunista. Enfim, é assim que sou visto e é assim que é visto quem luta pelo fim das desigualdades e das injustiças.
Nasci, cresci, vivo e continuarei vivendo dentro do sistema capitalista. Por tudo que li e da vivência de 63 anos de labuta, evidente que não o aceito na sua plenitude. Enfim, pelo conjunto da obra, ele nos eferece algo e não entrega. Para mim, a promessa nunca abrange todos, pois é meramente impossível satisfazer a todos dentro de um sistema onde o privilégio é para poucos. O capitalismo é isso, ele nos apresenta tudo, como se isso fosse atingível, se com alguma disposição fossemos desfrutar disso tudo. Não tem como, sempre a maioria ficará chupando o dedo. É como esse novo dinheiro aí circulando no mercado, o tal do bytcom ou como tínhamos até bem pouco tempo circulando pela aí as tais das pirâmides financeiras. O esquema sempre foi para poucos lucrarem e a maioria só investir, perder dinheiro. Espertalhões ganham, a maioria padece às portas do paraíso (sic). A conta nunca vai fechar.
Eu não desisto de ver ainda um dia muitos dos meus sonhos realizados, sendo colocados em prática e à minha volta, um mundo mais feliz, onde as pessoas possam vivenciar algo melhor. Este lugar talvez até já exista em algum canto remoto deste planeta, mas se espalhar, logo virão as raposas para rapinar tudo, desvirtuar o que se passa, enfim, exemplos podem vir a se tornar algo maior e daí um perigo para o "sistema". Dizem horrores de Cuba, mas o que o regime cubano propõe é algo bem simples - hoje também já desvirtuado -, uma vida simples, sem arroubos, ciente da pobreza, mas onde ninguém passa necessidades. O pouco existente é dividido entre todos e assim, a real possibilidade de uma vida mais feliz, sem supérfluos, mas com o básico nunca deixando de existir. E precisamos do que mais? Pois é, o capitalismo sugere de tudo, mas para se chegar lá, uma luta desenfreada, fratícida e surreal, onde todos são atropelados, se digladiam uns com os outros e só os de sempre continuam a usufruir do bem bom.
Essa experiência vivenciada pelo amigo Dextter dentro de um Uber é o afunilamento de tudo o que tento aqui dizer. Nem quero analizar o que vai pela mente deste uberista, triste figura de um triste momento do mundo do trabalho. Lutou-se tanto, enfim, foi uma batalha colossal o trabalhador ter conseguido conquistar uma legislação que o protegesse e depois de tudo, o capitalismo, nessa sua modalidade atual, consegue não só destruir tudo, como enfiar dentro da cabeça das pessoas, as que padecem das dificuldades sem essa legislação protetora que, sem as leis suas vidas serão melhores. Esses não entenderam que, o capitalismo não está nem aí com eles. Eles, os executores de todo tipo de serviço são necessários, porém, quando tudo é conseguido com um lucro maior para os poucos, dane-se o resto. E através de um contrainformação muito eficiente, invertem tudo e aquele a sofrer ainda defende sua situação de penúria e dificuldade.
Lula não é comunista, mas só por ousar querer atender a algumas justas reivindicações dos menos favorecidos é assim taxado. Evidente não ser ele comunista, mas não nego, é possuidor de uma rara sensibilidade. Ele tenta, ao menos, fazer algo pensando no todo. As forças contrárias são enormes e hoje, para conseguir subir um mero degrau neste sentido, se faz necessário acordos variados e múltiplos. Hoje mesmo, evidente que ele queria ver o Brasil repudiando o que representa para todos nós os 60 anos do Golpe de 64. Prefere fazer um acordo com os militares, ameniza a coisa e segue tentando implantar algo, que sem confronto e muita luta não seria possível. Ele descobriu um caminho, o da conciliação, do acordo e assim segue, cedendo aqui e ali, mas subindo degraus. Se as massas estivessem nas ruas impondo mudanças tudo seria mais fácil, mas como até para os atos deste dia 31/3 - não seria 1º de abril? - pouca gente é mobilizada, daí segue seu ritmo, ao seu modo e jeito. Ele faz e não fosse ele hoje, como estaríamos num segundo mandato do Seu Jair? Não gosto nem de pensar.
Comecei escrevendo sobre um lugar de sonhos e acabo constatando deste lugar onde vivemos, nada ideal, cheio de remendos e cada qual eleito impondo um jeito de administrar a coisa pública. Evidente que, gente como Tarcísio, Milei, Suéllen não farão nada em prol da imensa maioria dos desprovidos. Olho para a terceirização da Saúde em Bauru, o que está em curso com a provável privatização da água e do esgoto, do que está por detrás, os interesses em jogo e isso tudo muito distante de algo realmente pensado coletivamente. Com a tal da Direita no poder, cada vez mais e mais o povo distante de ter quem o defenda, pois se da boca pra fora conseguem atingir essas camadas sociais, para quem entende um pouquinho só do que realmente se passa, a certeza de que estão sendo ludibriados, pois com estes tudo continuará muito difícil, complicado e cada vez mais o capitalismo sendo exercido para uns poucos terem tudo e tudo o mais padecer pensando e vendo que ele até pode chegar lá, mas não sabe, nunca o conseguirá, pois tudo será feito pela interrupção da realização dos seus sonhos. O Uberista, sem o saber, mesmo com discurso contrário, sofre isso tudo na pele e expele, como espécie de resposta, pois perdido está, no desamparo e desassistido, sem a quem recorrer, precisando enfrentar rotina desgastante para sobreviver. Está desacreditado e desacredita até de quem possa lhe estender a mão. Ele acha, resolverá tudo individualmente, ele sózinho contra os moinhos de vento. Nem busca mais algo coletivo. Ou seja, meus sonhos cada vez mais distantes de se tornar realidade. Mas a luta continua...
Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista da Água Branca. É libertador não precisar ficar perto de quem não respeita a nossa identidade.
Eis o link de seu vídeo: https://web.facebook.com/marcos.breda/posts/pfbid02HFNnwB8j85UhUdaAQwd9LJPUf3LaWJVNqqd2KSCSaEqmWcSzpmb4hDj7gZxHVedSl
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UMA RUA SÓ DELE, NA OLÍMPIADA DE PARIS
Franceses inauguram 'Rua Dr. Sócrates' no coração da Olimpíada de Paris 2024 - França.
Um comentário:
HPA,
Parabéns, por seu desabafo hoje postado no Mafuá.
Você bem sabe que segundo a dialética de Hegel primeiro vem a tese: nossa adolescência, todos aqueles sonhos bons de que você narra; depois, em segundo lugar, vem o mundo, com sua gigantesca máquina de destruir sonhos, a antítese.
É por isso que gosto de ser e viver dialeticamente: falta a síntese, o movimento que irá grudar a antítese lá, na tese, aperfeiçoando historicamente o nosso vivido.
É o futuro que promete uma síntese, Henrique.
Ou, não?
Abraço,
Garoeiro
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